A StreetArt – ou “Arte Urbana” para quem prefere o termo em português – é designada como a corrente artística desenvolvida no espaço público. Em várias cidades do nosso país podemos observar este tipo de pinturas absolutamente “fora da caixa”, onde se presta tributo ao que esses respetivos locais têm de melhor, ou até mesmo com um tema mais abstrato, sempre colorido e inserido na paisagem envolvente, criando uma simbiose perfeita entre o imaginário do artista e os limites físicos dos edifícios.

Em Alter do Chão, aconteceu uma mistura de ambos os conceitos, pela mão de Adalberto Brito, conhecido no meio como “Youthone”. Com cerca de 30 anos de experiência enquanto pintor na área do graffiti, é apontado como um dos vanguardistas e impulsionadores da Arte Urbana em Portugal. No início dos anos 90, juntamente com os seus amigos, espalhou a arte do graffiti para a grande área metropolitana de Lisboa e, por consequência, para o resto do país. Aceitou o nosso desafio e veio agora ao interior do país deixar a sua marca.

“Fui sempre bem recebido em todos os sítios onde me desloquei e fiquei a conhecer mais um dos nossos belos concelhos espalhados pelo país. Agradeço a confiança que o município depositou em mim e a liberdade criativa que fizeram questão que eu tivesse. Nunca se sabe o que o futuro nos reserva, mas quem sabe, em breve, possamos voltar a colaborar noutras iniciativas”, declarou.

Os murais estão pintados em dois sítios onde se verifica uma circulação relativamente significativa de pessoas, seja de carro ou a pé: numa casa situada à entrada da Rua do Comércio e no muro do Centro Escolar de Alter do Chão. Os temas divergem, mas os objetivos são os mesmos: prestar um tributo nossos jovens, o futuro da sociedade, destacar a importância do ensino para a formação dos cidadãos – Agrupamento de Escolas e EPDRAC – e, por último, dar relevância ao que identifica Alter do Chão além-fronteiras, nomeadamente a nossa herança romana e o cavalo Alter Real. Para além disto, na parede que tem maior dimensão, Youthone ainda deu o seu cunho pessoal, com criações que partem do seu imaginário e que aproveitam o ambiente que as rodeia para um efeito quase “cénico”.

O Presidente da Câmara Municipal de Alter do Chão, Francisco Reis, explicou de onde surgiu esta ideia. “Tínhamos já há algum tempo esta intenção, de introduzir o concelho na rota da StreetArt em solo nacional e internacional, mas queríamos fazê-lo com significado. Lembrámo-nos de ter como base para estas pinturas o ensino em Alter do Chão, e a partir daí, elaborar duas ideias mais abrangentes para chegarmos a vários públicos”, começou por dizer.